Amor.
- Mirian Machado
- 4 de nov. de 2020
- 5 min de leitura

Sem dúvidas, o amor é um tema bastante discutido universalmente, desde discussões na academia às simples e triviais conversas do cotidiano. Mesmo sendo exaustivamente estudado dentro da sociologia, psicologia, religião e ciências humanas, o amor ainda é incompreendido em sua totalidade e razão de ser. Muitos ainda têm buscado respostas sobre o que é o AMOR e qual seu verdadeiro significado.
Na ciência ele é visto por diversos ângulos e revisões e, no cotidiano, está presente nas músicas, poesias, textos e vivências. Basta abrir seu spotify, google e digitar a palavra e um milhão de coisas diferentes vão aparecer.
Ele também é algo bioquímico, determinado pelo nosso sistema límbico (uma unidade no nosso cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais).
Mas, o que realmente é o AMOR ? Um sentimento, uma atitude, algo biológico ou uma mistura disso tudo? É espontâneo ou moldado? Algo a ser expressado ou aprendido?
Erich Fromm, por exemplo, acreditava no amor como algo aprendido durante a vida semelhante a outras teorias que descreviam o amor como um reflexo dos modelos internos de funcionamento aprendidos na infância, isso é, ele dependia do contexto social e das vivências individuais de cada um.
As primeiras teorias sobre AMOR no campo da psicologia, aconteceram por meio de três principais autores: Freud, Reik e Maslow.
Freud enxergava o amor como algo escolhido a partir daquilo que é observado, como sendo a procura por algo que falta no próprio indivíduo. Resumindo, o amor visa sanar suas próprias deficiências e desejos (o desejo e o amor vivem em função um do outro).
Reik acreditava que o amor e o desejo eram diferentes e possuindo diferentes intenções. Logo, o amor para ele era o interesse apaixonado pela outra pessoa e sua personalidade.
Maslow descreveu dois tipos de amor: O amor D love, semelhante ao descrito por Freud e o amor B love, quando as pessoas se amavam de fato pelo que elas realmente são.
Depois disso, muitos pensamentos surgiram e novas formas de tentar entender esse fenômeno (teoria triangular, estilos do amor, etc). Isso me leva a pensar que ninguém consegue definir de fato o que essa palavra significa em seus vários sentidos. No mais, nenhuma definição consegue chegar ao fundo sobre o assunto. Seria o AMOR ALGO RELATIVO?
Para responder todas essas perguntas, não vejo como não recorrer a melhor e mais confiável literatura de todas: a BÍBLIA. Três versículos são referência para mim:
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16
Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos… 1 João 4:10
Deus é amor. 1 João 4:8
AMOR, para começar, faz parte da natureza de Deus e não só isso ele é chamado de AMOR. Sim, Ele é o próprio amor.
E aí já se tem um questionamento: se somos imagem e semelhança de Deus, o amor não deveria ser algo que realmente fluísse de dentro da gente? A que ponto o pecado distorceu isso de nós e nos fez estar inclinados para o oposto?
Nós nascemos com o anseio de ser amados e amar, mas em que momento a sociedade começa a interferir em todos essas variáveis e as frustrações (românticas, familiares e com amizades) começam a definir como amaremos e nossa visão de AMOR ? E, até que ponto permitimos isso e decidimos permanecer nessa esfera?
Ainda bem que ainda existem também nossas inclinações para o amor e elas são um vestígio de que fomos não só criados por Ele, mas para Ele. Assim, muito bem declara Agostinho: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.”
A bíblia também traz um contexto onde o amor é citado por 4 palavras gregas diferentes:
Ágape: tem como significado o AMOR PERFEITO. Esse é o amor que é descrito em 1 Co 13. É um amor justo, altruísta, verdadeiro e paciente. Esse amor nunca acaba e está acima dos outros.
Filos: amor que existe entre amigos. Representa o partilhar, a afinidade e companheirismo. Ele não é incondicional e aproxima coisas em comum. (RM 12.10)
Eros: descreve o amor entre homem e mulher, em uma relação íntima. Mais do que desejos, esse amor é representado por exclusividade, união espiritual, respeito, cuidado (Cânticos 8-7)
Storge: o amor entre família. Representa a relação da família, partilhamento de experiências, ideias, objetivos. (1 Jo 3.1). A palavra não aparece especificamente, mas seu princípio, sim.
Diante de todos essas definições e questionamentos, imagino que a única forma de conhecer sobre o amor em sua integralidade é nos encontrando com o próprio amor. Não há escapatórias ou estudos suficientes para explicar como nós funcionamos nesse quesito. O pecado corrompe tudo, inclusive nossa visão, o que vivemos e aprendemos também, logo, acredito sim que o amor é algo espontâneo no sentido de, ele faz parte de nós. Mas, somente o AMOR pode nos mostrar o que realmente ele é, sem as máscaras do mundo caído. Claro, a individualidade também faz parte do processo, Deus nos fez únicos e cada um de nós pode expressar e receber esse amor de diversas formas. Entretanto, isso não relativiza o amor e nem as verdades contidas nas Escrituras sobre.
A questão é: o pecado não está distorcendo o amor, mas distorcendo o que nós compreendemos dele. O amor é o próprio Deus e não pode ser mudado, mas nossa percepção, SIM. Por isso, tantas vezes fazemos daquilo que pensamos ser o amor um objeto de satisfação/realização pessoal, não algo direcionado para o bem do outro.
O amor é Deus, e Ele nos ensina muitas outras coisas que fazem parte Dele:
AMOR TAMBÉM É FEITO DE COMPREENSÃO, CUIDADO, RESPEITO, INSISTÊNCIA, ENTENDIMENTO E TAMBÉM CORREÇÃO E SACRIFÍCIO. (Dentre tantas outras coisas)
O amor ÁGAPE representado tão perfeitamente pela pessoa de Cristo, deve ser nosso maior objetivo transformado em ação. Jesus foi quem introduziu o amor ágape no novo testamento, se tornando o teórico desse amor, antes de Freud ou qualquer outro que falou disso depois.
1 CO 13, é a expressão máxima disso e ele deve ser nossa referência antes de qualquer outra. Que possamos ser agentes culturais e espalhar uma visão sadia e verdadeira sobre o amor, entendo que esse é um processo diário de conhecer quem Deus é, pois o conhecendo, poderemos ter um vislumbre do que realmente o amor é e o que ele representa.
Finalizando com o maior ato de amor de todos (Cruz) feito pelo próprio amor: AMAR É SE DOAR.
A Bíblia define o amor como uma atitude sacrificial. Então, fomos sim feitos para amar e sermos amados, e nesse sentido Freud estaria correto em dizer que o amor é a busca pelo que falta em nós, porque somos feitos para Deus, ou seja, para o amor.
Agradecimento especial aos meus amigos Asafe e Lucas que contribuiram na revisão desse texto. <3
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